Metodologias ativas na Educação Infantil

11/08/2023

Ao falarmos de metodologias ativas, faz-se necessário falarmos primeiramente sobre aprendizagem ativa. Aprendemos a todo o tempo, ativamente, desde que nascemos. Cada movimento, cada nova descoberta, é uma nova aprendizagem. Ela pode acontecer a partir de situações concretas – através de um envolvimento mais direto, passando por questionamentos e experimentações, ou a partir de teorias e conceitos existentes, que nos são transmitidos, e que posteriormente testamos e aplicamos em situações específicas. Segundo Moran (2018), os processos de aprendizagem são múltiplos, contínuos, híbridos, formais e informais, organizados e abertos, intencionais e não intencionais.

Em um contexto de metodologias ativas, a aprendizagem acontece principalmente por meio da experimentação, do aprender fazendo, da reflexão e do compartilhamento, de forma que o sujeito, neste processo, esteja na centralidade e seja o autor na construção do próprio conhecimento. A aprendizagem é mais eficaz quando vivenciamos e experimentamos cada novo desafio, assim como ocorre no aprendizado das situações cotidianas. A necessidade dessas vivências e experiências se torna ainda mais fundamental quando falamos de bebês e crianças da Educação Infantil, na primeira etapa da Educação Básica.

Sabemos que os processos de aprendizagem são únicos e diferentes para cada sujeito. Geralmente as crianças aprendem, com mais facilidade, o que faz mais sentido para elas, o que é mais relevante e significativo dentro do contexto em que se encontram e a partir do nível de competências prévias que possuem. Uma aprendizagem significativa gera não só conexões cognitivas, mas também, afetivas, fazendo com que as crianças se sintam mais à vontade e seguras quando expostas a um novo desafio. Na Educação Infantil, o bebê e a criança realizam com satisfação, desejo e maior participação as atividades que lhes são significativas e que as envolvam como um todo: seu corpo, sua mente e suas emoções. Para que essas atividades tenham significado e as crianças possam se tornar protagonistas do processo, é importante oferecer-lhes possibilidades de escolha. Essa ação não deve se configurar como um fazer qualquer, sem direcionamentos, mas um fazer pensado pelo educador, com intencionalidade pedagógica, colocando a criança na centralidade do processo. Quando se trata de bebês e crianças bem pequenas, a curiosidade é o ponto de partida para a exploração do seu entorno, que precisa ser proporcionada e assegurada por um adulto, impulsionando-a na construção da sua autonomia. Essa estratégia está baseada na participação efetiva das crianças no processo de construção da sua aprendizagem e deve ocorrer sempre com a mediação do educador.

Quando uma criança participa ativamente da transformação do seu entorno, ela se sente parte integrante daquele espaço e processo. Essa sensação de pertencimento é fundamental para que as experiências façam sentido e para que ela desenvolva sua autoestima, autocrítica, suas habilidades sociais e autonomia. Conforme preconiza a BNCC, a instituição escolar precisa criar espaços e oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano, com participação ativa. Além disso, essa participação é um importante passo para a construção de uma sociedade mais democrática e para a formação de adultos críticos e conscientes de seu papel na transformação do mundo.

Os objetivos desta abordagem metodológica visam o reconhecimento das crianças na centralidade do processo de ensino e aprendizagem, incentivando sua participação, reflexão e questionamentos, atribuindo valor e sentido àquilo que se está aprendendo, valorizando as diferenças individuais e os tempos de desenvolvimento de cada um, oportunizando, sempre que possível, a aplicação dos conhecimentos aprendidos. Por fim, a aprendizagem por meio das metodologias ativas na Educação Infantil tem por objetivo principal auxiliar as crianças na construção do seu protagonismo, através das mais variadas vivências, experimentações e compartilhamentos, respeitando seus tempos e espaços, bem como suas experiências em diversos contextos socioculturais, tendo em vista desenvolver competências para a vida.

Referências:

MORAN, J. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, L.; MORAN, J. (orgs) Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico prática. Porto Alegre: Penso, 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em:<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil>. Acesso em: 26/06/2023.

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA. Documento orientador das escolas de Educação Infantil do SESI/RS. Porto Alegre. 2022.


Autora: 
Greizi Kirst, Educadora Musical e Flautista, Mestre em Música de Câmara pela Universidade de Música de Stuttgart (Alemanha). Atualmente, faz parte da equipe da Gerência de Educação do SESI-RS.

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