Educação híbrida com espaços, presenças, tecnologias e culturas

19/06/2023

Nas últimas décadas, quanto mais o tempo vai passando, diferentes tecnologias vão surgindo e, com isso, vamos trabalhando online e presencial, marcando presença nas mídias sociais e em espaços físicos, estudando em sala de aula física e em ambientes virtuais… ou seja, hibridizando presenças, espaços, tecnologias e culturas. Durante a pandemia, muito se falou sobre ensino híbrido, educação híbrida, hibridismo… por conta da mediação tecnológica que proporcionou que instituições de ensino se conectassem com estudantes e famílias, mantendo seus processos de ensino e de aprendizagem. Porém, muitas vezes, o termo “híbrido” foi reduzido a uma mera transmissão de aulas por meio de alguma tecnologia de webconferência, tal como Meet, Teams, Zoom… Entretanto, o que de fato é o híbrido? Como essa modalidade se efetiva nas práticas pedagógicas?

As autoras BACKES e SCHLEMMER (2013) nos provocam a pensar sobre esse conceito, com a seguinte problematização: os seres humanos interagem no viver e conviver com outros seres humanos, em congruência com o meio. Mas o que ocorre quando a natureza do meio muda, ou seja, quando esse meio não é mais somente de natureza analógica e geograficamente localizado, mas também de natureza digital virtual e distribuído pelas redes? Como se dá essa interação no viver e conviver em meio híbrido (natureza geográfica e digital virtual, geograficamente localizado e distribuído pelas redes)?

A escola, durante muito tempo, atuou totalmente na modalidade presencial, ou seja, geograficamente localizada. Da mesma forma, as práticas se davam naquele espaço físico, naqueles horários determinados. Porém, com a pandemia, operando na modalidade remota, diferentes tecnologias e estratégias foram adotadas para poder engajar os alunos e desenvolver as habilidades previstas no currículo. Com isso, o repertório dos professores aumentou no que tange às estratégias e tecnologias, imbricando diferentes dimensões (espaços, presença, tecnologias e culturas). De acordo com Schlemmer (2018), o híbrido é compreendido a partir do fluxo das ações, interações e comunicação:

  • em espaços geográficos e digitais;
  • pela presença física e digital virtual (perfil em mídia social, personagem em jogo, avatar em metaversos ou por webcam);
  • por meio de diferentes tecnologias analógicas e digitais integradas, de forma que juntas favoreçam formas de comunicação e interação textual, oral, gráfica e gestual;
  • num imbricamento de diferentes culturas digitais (gamer, maker) e pré-digitais;

No contexto do SESI, este imbricamento se dá de diferentes maneiras. Uma delas é o Fablearn que se constitui enquanto um espaço criativo em que os estudantes desenvolvem diferentes projetos tanto com tecnologias digitais, quanto as analógicas: computação, robótica, eletrônica, impressora 3D, Gogo Board, marcenaria… além disso, neste espaço habitam as diferentes culturas (gamer, maker…).

Os ambientes se imbricam entre o presencial física e o online por meio dos ambientes digitais virtuais, tal como o Moodle. As práticas por meio de fórum, entrega de tarefas, ebooks… estão estritamente relacionadas ao que acontece na vida cotidiana dos alunos, seus projetos, seu trabalho e a escola em seu ambiente presencial físico. Também, em todas essas atividades são oportunidades do exercício da presença física localizada geograficamente na escola e/ou digital virtual por meio das interações em ambientes online.

Em suma, o hibridismo na educação é o imbricando de diferentes dimensões (espaços, presença, tecnologias e culturas) que se efetivam por meio das interações. Portanto, a mudança dos meios proporciona novas formas de se produzir conhecimento e oportunizam reconfigurar as práticas pedagógicas em diferentes espaços, com diferentes tecnologias.

 

Referências bibliográficas:

Backes, Luciana; Schlemmer, Eliane. Práticas pedagógicas na perspectiva do hibridismo tecnológico digital. Revista Diálogo Educacional, vol. 13, núm. 38, enero-abril, 2013, pp. 243-266 Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/1891/189126039012.pdf Acesso em: 24 abr. 2023.

MOREIRA, J. A. .; SCHLEMMER, E. Por um novo conceito e paradigma de educação digital onlife. Revista UFG, Goiânia, v. 20, n. 26, 2020. DOI: 10.5216/revufg.v20.63438. Disponível em: https://revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/63438. Acesso em: 24 abr. 2023.

SCHLEMMER, E.; OLIVEIRA, L. C.; MENEZES, J. O habitar do ensinar e do aprender em tempos de pandemia e a virtualidade de uma educação OnLIFE. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 17, n. 45, p. 137-161, 2021. DOI: 10.22481/praxisedu.v17i45.8339. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/8339. Acesso em: 24 abr. 2023.

 

Autor: Ederson Luiz Locatelli, Doutor em Educação e atualmente Coordenador de Tecnologia Educacional no SESI-RS.

2 comments on “Educação híbrida com espaços, presenças, tecnologias e culturas

    • rafael.jesus says:

      Olá! Bom dia, Idelaine!
      Você pode inscrever o seu neto pelo site educacao.sesirs.org.br/contraturno-tecnologico
      Se preferir, saiba mais informações em 0800 051 8555 ou pelo WhatsApp 51 99226 3846

      Reply

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Educação tá on!
© Todos os direitos reservados.
© Todos os direitos reservados.