Você sabe a diferença entre Espaço Maker, FabLabs e FabLearn Lab?

27/02/2023

O Espaços Makers, FabLabs e FabLearn Labs geralmente são entendidos como sinônimos, porém possuem diferenças. Eles advém do movimento maker, possuindo a característica da cultura mão na massa, do faça você mesmo, no sentido de entender que qualquer um possa construir criar, arrumar, objetos e produtos de diferentes tipos. Logo, conforme relatam os autores Martinez e Starger (2003), eles referem-se ao espaço repleto de possibilidades, promovedor da criatividade e de relações do conhecimento, porém há algumas características especificas que os diferenciam.

Os Espaços Makers podem ser denominados com diferentes nomenclaturas, como espaços de criação, laboratórios makers, entre outros, de forma que a instituição que o implementa associa a melhor nomenclatura de acordo com seus interesses. Conforme Raabe e Gomes (2018, p.6) os espaços makers podem ser definidos como:  espaços físicos para criação que variam enormemente em formato. […] Eles representam um conjunto flexível de tecnologias e conceitos. Não há fórmula definida ou especificação para construir um makerspace.

Este fato ocorre, pois não há um vínculo com uma abordagem ou programa específico, apenas o intuito de oferecer um espaço de criação para o público-alvo, podendo sua utilização ser pública (paga ou gratuita) ou privada (para usuários internos – paga ou gratuita). Ou seja, Espaços Makers são em geral espaços de criação com diferentes maquinários e ferramentas disponibilizados por empresas, instituições de ensino, bibliotecas, Ongs, etc. oferecido para a comunidade determinada pela instituição.

Temos ainda os FabLabs, que surgem em 2001, nos Laboratórios Massachusetts Institute of Technology (MIT), por Neil Gershenfeld, que vinculou a implementação de espaços de criação disponibilizados com o cunho educacional, mais especificamente para estudantes universitários e aos poucos foi disseminado para centros comunitários e empresas.  Assim, a Rede FabLab foi crescendo e oferecendo uma rede global de laboratórios de criação, que possuem seus princípios elencados na FabCharter, em que o mais importante é a disponibilização para a comunidade em geral, tendo como propósito  a promoção da criatividade, de modo que qualquer um possa concretizar suas ideias a partir do trabalho em conjunto por meio da engenharia, programação, eletrônica, uso de maquinários como impressoras 3D, cortadoras e laser, fresadoras e etc.

Os FabLabs são classificados em três tipos, que se diferem a partir da sua disponibilização e objetivos, sendo eles: FabLabs Acadêmicos (escolas e instituições acadêmicas), FabLabs Profissionais (foco nas empresas), FabLabs Públicos (disponíveis para a comunidade em geral). Analisando sob o prisma educacional, os FabLabs são locais para a criação de projetos e atividades lúdicas, exploratórias e interativas a fim de promover a invenção, não necessariamente vinculados ao currículo escolar, mas como uma forma de promover a criatividade, pois podem estar disponíveis em diferentes tipos de instituições, não necessariamente vinculadas à educação.

Já os FabLearns Labs  são inspirados também no movimento maker e surgem baseado nas ideias originais do Fablab, porém com o foco educacional, relacionado diretamente às escolas. A concepção e surgimento dos FabLearns Labs  estão diretamente relacionados ao professor pesquisador Paulo Blikstein, que definiu a nomenclatura a partir da introdução do primeiro laboratório de fabricação dentro de uma escola, em 2008, quando fazia parte do corpo docente da Universidade de Stanford.

Os FabLearns Labs estão pautados no construcionismo de Papert e no construtivismo de Piaget, seus princípios compreendem o protagonismo do aluno, o pensamento crítico, criatividade, uso de tecnologias, a curiosidade, os interesses, a relevância, a interdisciplinaridade. Ou seja, incluem uma abordagem centrada no aluno, que valoriza a experimentação, o pensamento crítico e a criatividade, usando tecnologias de fabricação digital.

A ideia central é incorporar a aprendizagem criativa e a fabricação digital em contextos educacionais, sendo pensados no intuito de incentivar o pensamento crítico, experimentação por meio da resolução de problemas em um ambiente colaborativo, sempre vinculando suas ações pedagógicas ao currículo escolar articulado com o desenvolvimento de habilidades e competências importantes o crescimento dos estudantes.

Enfim, cada escola vai implementar a cultura maker da forma que considera  mais aproximada à sua metodologia, o que importa é conforme Blikstein (2014, p., XV, tradução minha): “com nosso trabalho construir esses modelos, dizer a estas histórias, fazer a pesquisa, documentar o trabalho, e dizer ao mundo sobre as coisas incríveis estudantes pode fazer quando estão habilitados a construir, pensar e criar.”

 

REFERÊNCIAS:

BLIKSTEIN, Paulo; MARTINEZ, Sylvia Libow. PANG, Heather Allen. Meaningful Making: Projects and Inspirations for fab labs and makerspaces. Constructing Modern Knowledge Press: Torrance, CA USA, 2014.

FABLEARN. Princípios FabLearn.2021, Disponível em: https://fablearn.org/principles/) . Acesso em 16/02/2023.

MARTINEZ, Sylvia Libo; STAGER, Gary.; Invent to Learn: Tinkering, and Engineering in the Classroom. Lightning Source Inc , 2012.

RAABE, André. GOMES,  Eduardo Borges. Maker: uma nova abordagem para tecnologia na educação. Revista Tecnologias na Educação – Ano 10 – Número/Vol.26 Edição Temática VIII – III Congresso sobre Tecnologias na Educação (Ctrl+E 2018).  Disponível em: http://tecedu.pro.br/wp-content/uploads/2018/09/Art1-vol.26-EdicaoTematicaVIII-Setembro2018.pdf . Acesso em: 10/02/2023.

The Fab Charter. Disponível: The Fab Charter (mit.edu). Acesso em 16/02/2023.

 

AUTORA: Fernanda Costa Arusievicz, mestranda em Informática na Educação pelo IFRS, Especialista em Alfabetização, com aperfeiçoamento em Tecnologias Digitais na Educação e em Letramento Digital e Tecnologia Educacional, Graduada em Pedagogia Multimeios e Informática Educativa. Atualmente está coordenadora na Gestão de Tecnologias Educacionais do SESI/RS.

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