O uso responsável das mídias sociais pelos jovens

31/05/2023

Nas últimas décadas, observamos um aumento significativo de informações oriundas de diversas plataformas digitais, compostas por múltiplas linguagens que comunicam instantaneamente a qualquer indivíduo, em qualquer local com conectividade. Esse processo se intensificou a partir da facilidade de acesso a aparatos eletrônicos ligados à internet, à multiplicidade de ferramentas de comunicação, plataformas e redes sociais. Rapidamente, passamos a compartilhar informações, construir comentários, divulgar textos, ou seja, para além de consumidores, passamos a produtores de conteúdo, mesmo que internos ou restritos à nossa rede social. Nesse sentido, as mídias sociais ganharam um espaço central na sociabilidade, especialmente entre os jovens.

Este aumento na produção de conteúdo, sobretudo entre os jovens, abre inúmeras discussões acerca da superexposição dos adolescentes às redes sociais, a responsabilidade sobre as publicações bem como a necessidade de chegar às fontes e interpretar as informações de forma crítica. Na pesquisa realizada pela McAfee (2022) em diversos países, foram entrevistados cerca de 15.500 pais com filhos entre 10 e 18 anos de idade, bem como mais de 12.000 filhos. Os resultados indicam que “No Brasil, 67% dos pais admitiram ter preocupação quanto a postagens em mídias sociais porque estas poderiam resultar em abuso ou bullying (10% acima da média global) — e 57% dos filhos afirmaram o mesmo (8% acima da média global)”. O resultado desses dados acerca dos conteúdos disponíveis na rede e seus impactos deixaram de ser uma preocupação exclusiva dos pais e das escolas e passaram a ser de todo os cidadãos, uma vez que as mídias sociais ocupam um espaço cada vez maior em nossa sociedade.

Frente a essas inquietações, a escola deve abarcar tais questões em seu cotidiano; nesse sentido, “o letramento digital ultrapassa o âmbito do domínio de técnicas, habilidades e capacidades de uso da leitura e escrita na tela, e passa a ser um processo mais amplo, que atua em diferentes espaços e contextos para além dos muros das escolas” (Almeida; Alves, 2020, p. 7). Nesse processo, faz-se necessário desenvolver habilidades que permitam ao jovem refletir antes de realizar postagens nas mídias sociais, mensurando seus possíveis impactos e, dessa forma, construir com os adolescentes os espaços de domínio público e privado no ambiente virtual. A construção desta competência, em todas as áreas do conhecimento, junto aos jovens, é indicada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que preconiza:

“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva” (BRASIL, 2018, p. 9).

Nesse sentido, a escola ganha papel fundamental na construção de uma sociedade que seja capaz de utilizar as mídias digitais com responsabilidade, checando informações e construindo reflexões necessárias acerca de sua utilização. Em vista disso, o letramento digital permite aos jovens participar ativamente da sociedade contemporânea, tanto na distribuição quanto na produção de conteúdos de forma consciente e crítica, à medida que o torna de fato um cidadão digital responsável.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALMEIDA Beatriz Oliveira; ALVES Lynn Rosalina Gama. Letramento digital em tempos de COVID-19: uma análise da educação no contexto atual. Debates em Educação, Maceió, Vol. 12, Nº. 28, Set./Dez 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

MCAFEE. A vida por trás das telas de pais, pré-adolescentes e adolescentes: Estudo de 2022 da McAfee® sobre famílias conectadas — Brasil. Disponível em: https://www.mcafee.com/content/dam/consumer/pt-br/docs/reports/rp-connected-family-study-2022-brazil.pdf Acesso em 10 de março 2023

 

Autor: Everton Dalcin, Doutor em história pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Atualmente coordenador na Gerência de Educação do SESI-RS.

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