Não é novidade que a tecnologia impulsione mudanças sociais e a educação seja desafiada a acompanhar essa transformação. Em momentos distintos da história, a disponibilização de recursos como a calculadora e a própria internet, apenas para citar alguns exemplos, potencializaram a capacidade humana, trazendo empolgação, mas, também, receios e dúvidas por parte de educadores. Hoje, a Inteligência Artificial (IA) impõe à educação mais uma rápida adaptação para lidar com desafios e aproveitar oportunidades.
Em palestra sobre os Estudos de Futuros, realizada este ano no SESI-RS, Roberto Poli, professor e pesquisador da Universidade de Trento, discorreu sobre a atual aceleração das mudanças que temos enfrentado. Se, por um lado, é óbvio que a humanidade enfrenta transformações em qualquer época, para ele, estamos sim vivendo um momento da história em que as mudanças estão aceleradas, por diversos fatores, culturais, econômicos e tecnológicos.
Também segundo Poli (2023), temos uma dicotomia entre um eixo social composto por Finanças, Tecnologia e Ciência, que se transforma muito rapidamente e de forma ilimitada, e outro eixo, Política, Direito e Educação, que precisa de mais tempo e segurança para mudar, tendo muita dificuldade de acompanhar o primeiro. De acordo com o pesquisador, configura-se, então, um cenário preocupante, já que o primeiro eixo pode acabar ditando as regras dentro do segundo, ou seja, a pauta da educação pode ser tomada pelos interesses de atores da tecnologia, entre outras questões. Por isso, é essencial que educadores busquem se apropriar de novas tecnologias.
Em 2023, vimos a popularização da Inteligência Artificial generativa, impressionando o mundo com textos, imagens e vídeos criados quase que instantaneamente e de forma muito similar ao que humanos podem produzir. Junto a essa popularização, veio o legítimo receio de que a educação fosse negativamente impactada. Como impedir que alunos abandonem a reflexão crítica em troca da praticidade das respostas oferecidas pela IA? Como fazê-los compreender que o olhar humano é insubstituível, e que temos a responsabilidade de usar essas ferramentas sem ferir direitos?
Nesse contexto, faz-se necessária uma postura atenta, aberta e propositiva de todos nós, educadores. Tentativas de restringir ou desmotivar o uso da IA por parte dos estudantes serão certamente ineficazes. Para lidar com essa realidade e guiar o caminho que a educação deve seguir, precisamos ter receptividade quanto à incorporação da IA na rotina dos estudantes, conscientizá-los sobre seu uso ético e responsável, além de planejar a aplicação correta dessa tecnologia para impulsionar o aprendizado.
Se, por um lado, a disseminação da IA generativa pode causar receio em educadores, há também espaço para empolgação. Ferramentas que surgem todos os dias permitem automatizar tarefas, personalizar o ensino, diversificar abordagens e explorar a criatividade dos estudantes em novas áreas e habilidades. O famoso ChatGPT, por exemplo, oferece desde ideias sobre como abordar um tema específico em sala de aula à atuação como simulador em atividades como diálogos, entrevistas e exercícios interativos. IAs geradoras de imagens, músicas e vídeos permitem dar vida a ideias e explorar a criatividade como nunca antes foi possível.
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As possibilidades ainda estão sendo descobertas, mas está claro que a IA se fará cada vez mais presente na educação, tendo o potencial para ser uma aliada valiosa do ensino e aprendizagem. Nesse sentido, precisamos conhecer as ferramentas que a tecnologia oferece e explorar suas possibilidades.
Atentos a esse cenário ao mesmo tempo desafiador e empolgante, os cursos do SESI-RS acabam de lançar o curso Inteligência Artificial para Professores: ferramentas e estratégias. Através de videoaulas, exercícios práticos e materiais complementares, o curso traz uma contribuição importante para educadores que desejam se apropriar das ferramentas atuais e promover o uso ético e responsável da IA entre seus alunos. No curso, são abordadas três plataformas:
Convidamos todos os profissionais da educação a embarcarem nessa jornada de descoberta e aprendizado. Com essas ferramentas e a disposição para abraçar novas possibilidades, poderemos aproveitar o potencial da IA de forma criativa e eficaz na prática educacional.
Autor: Bruno Schwartzhaupt, Mestre em Linguística Aplicada. Revisor e criador de conteúdo na Gerência de Serviços Digitais do SESI-RS.
3 comments on “IA para professores: como lidar com desafios e oportunidades”
Precisamos estarmos atualizados, nos apropriando dos recursos inovadores, para facilitar o processo ensino aprendizagem, com os recursos necessários para os discentes alcançarem o conhecimento desejado.
Oi, Iolanda! Que bom que o conteúdo foi útil pra você. Ficamos muito felizes com o seu comentário! Você já conhece os Cursos do SESI-RS? Clica aqui e dá uma olhada!
Este artigo foi muito esclarecedor.