Pensamento Computacional no currículo da Educação Básica

4/05/2023

Preparar os estudantes para os desafios do século XXI é um compromisso da educação atual e o Pensamento Computacional (PC), trabalhado de forma transversal ao currículo da Educação Básica, agrega um conjunto de habilidades e competências que podem promover o desenvolvimento do raciocínio lógico, facilitando o processo de resolução de problemas e a tomada de decisão, com a utilização de tecnologias plugadas ou não plugadas.

Muitos pesquisadores há tempo já mencionavam a relevância de utilizar conceitos da ciência da computação para outras áreas, mas foi um estudo de Wing (2006), que colocou o PC como uma habilidade fundamental para todos e não só para cientistas, definindo-o como um processo mental que envolve a formulação de problemas de maneira que suas soluções possam ser representadas como sequências de passos ou instruções que podem ser executadas por uma máquina, ou seja, é uma forma de pensar que permite a resolução de problemas complexos de maneira estruturada, eficiente e sistemática.

A Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2018, p.7), que “define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica”, propõe que o PC seja abordado na área de Matemática como uma forma de desenvolver o pensamento, na linha de muitas discussões teóricas do quanto seria relevante associá-lo ao desenvolvimento competências, habilidades e conteúdos matemáticos.

Nas Escolas de Ensino Médio do SESIRS, o referencial da área de Matemática é constituído por um amplo espectro de conceitos que se intercomunicam numa lógica de relações, fundamental para as aprendizagens do ser humano. Compõe-se de ideias, métodos e procedimentos que são utilizados para analisar, resolver situações-problema e raciocinar, bem como para representar e comunicar suas soluções. Os diferentes modos de fazer e pensar de tal referencial se traduzem em procurar regularidades, fazer e testar conjecturas, localizar-se no tempo e no espaço, raciocinar logicamente, buscar a razoabilidade de resultados, abstrair, generalizar e demonstrar soluções. Nesse sentido, o propósito de acrescentar o Pensamento Computacional ao currículo de Matemática se relaciona ao campo das Tecnologias Digitais, pois a ele estão associados conceitos estruturantes como algoritmo, padrão, recursão, transformação, abstração codificação, decomposição, análise de dados, representações e variável – conceitos que remetem aos pilares do PC, evidenciando a proximidade com os pensamentos e conceitos estruturantes propostos no referencial.

Uma possibilidade de aplicação do PC na Educação Básica, aliada ao desenvolvimento de projetos por meio de tecnologias educacionais, é a utilização da Gogo Board, placa de robótica educacional de código aberto, de fácil compreensão e baixo custo, desenvolvida por Roger Arnan Sipitakiat e Paulo Blikstein  no MIT Media Laboratory. A Gogo Board permite programar e solucionar problemas em diferentes áreas do conhecimento, possibilitando a testagem de hipóteses e os ajustes correspondentes a cada etapa para chegar ao resultado mais adequado, uma vez que é configurada a partir dos conceitos estruturantes do pensamento computacional. Assim, além de enriquecer o currículo, tal recurso favorece o desenvolvimento de habilidades que são essenciais para que os estudantes possam resolver problemas complexos em diferentes contextos e, dessa forma, possam extrapolar a área da Matemática.

 

Referências

BARCELOS, T. S.; SILVEIRA, I. F. Pensamento Computacional e Educação Matemática: relações para o ensino de computação na educação básica. Anais dos Workshops do IV Congresso Brasileiro de Informática na Educação. Porto Alegre: CBIE, 2015.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular, 2018.

Medeiros Filho, DA, & Gonçalves, PC (2008). Robótica Educacional de Baixo Custo: Uma Realidade para as Escolas Brasileiras. SBC , 264.

WING, J. M. Computational Thinking. Communications of the ACM, v. 49, n. 3, p. 33–35, mar. 2006.

AUTORA: Anamaria Bertoni dos Santos, Especialista em Gestão e Organização Escolar, com ênfase em Supervisão Escolar. Atualmente, coordenadora na Gerência de Educação no SESI/RS.

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