A falta de tempo é um verdadeiro desafio no mundo contemporâneo. As demandas e responsabilidades parecem crescer a cada dia, e, constantemente, precisamos rejeitar oportunidades: “Não tenho tempo pra isso.”
Como exemplo da dimensão desse problema, embora hoje seja de conhecimento geral que a prática de exercícios físicos é fundamental para a saúde e o bem-estar, 46% dos homens e 36% das mulheres que não fazem atividades físicas declaram ter como motivo a falta de tempo (Panorama Setorial Fitness Brasil, 2022).
Para lidar com esse cenário de um mundo acelerado em que não temos tempo para “nada”, dois recursos – que são indissociáveis – podem fazer a diferença: o autoconhecimento e a habilidade de gerenciar o tempo.
Quem conhece a si mesmo, entende os seus limites e suas prioridades. Principalmente, quem tem autoconhecimento sabe as melhores formas e recursos para atingir suas metas e aproveitar melhor o tempo. E cada pessoa é diferente. Nem mesmo o tempo, apesar das tendências que estamos discutindo, é percebido da mesma forma por todas as pessoas. Você já parou para pensar nisso?
Em 1959, o antropólogo americano Edward T. Hall escreveu um livro em que descreveu, entre outras noções, as diferenças culturais de percepção do tempo na sociedade. Nesse livro, surgiram os conceitos de tempo monocrônico e tempo policrônico.
Nas culturas de tempo monocrônico, as pessoas tendem a ver o tempo como divisível em blocos, de maneira que tarefas sejam executadas uma de cada vez, em sequência, com foco individual. Nesse caso, não estar focado em algo é percebido como perda de tempo. De acordo com essa linha de pensamento, esse comportamento é mais típico em culturas como a norte-americana e a alemã.
Já o tempo policrônico é a percepção de pessoas que veem o tempo como mais flexível, para comportar múltiplos objetivos simultâneos – aqui, não perder tempo significa adaptá-lo para concluir várias tarefas ao mesmo tempo. Nesse sentido, dividir o foco de uma tarefa com outra, mesmo que a segunda seja interagir com colegas, por exemplo, é algo valorizado. Culturas como a japonesa e a sul-americana tendem a apresentar essa atitude com relação ao tempo.
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Recentemente, um interessante estudo publicado pela PUC Minas (Barbosa et al., 2020) comparou as percepções de tempo entre jovens trabalhadores de São Paulo e de Curitiba. Entre outros fatores, os resultados indicaram que os jovens paulistanos tendem a perceber o tempo como policrônico, enquanto os curitibanos o veem como monocrônico. Entre outros fatores, as características dessas cidades, sendo São Paulo uma cidade com um ritmo de vida mais acelerado do que Curitiba, foram colocadas como possíveis razões para esse resultado.
Essa diversidade de formas de ver o mundo nos mostra como a gestão do tempo é uma questão multifacetada. É, ainda, interessante observar como pode ser um desafio que perfis diferentes se entendam em um mesmo ambiente de trabalho. Mas de que forma esse conhecimento pode contribuir para que você faça uma melhor gestão do seu tempo?
Se você entende que o seu perfil é monocrônico, é provável que você se beneficie mais das estratégias a seguir.
Mas se, por outro lado, você se sente mais policrônico, para ser mais produtivo(a), tente fazer mais do seguinte.
Seja o seu perfil monocrônico ou policrônico, a modernidade exige que, além de termos esse entendimento sobre como atuamos melhor, lancemos mão de técnicas e ferramentas para fazer uma gestão eficaz do nosso tempo. Essa é uma questão tão importante e complexa que merece ser nosso objeto de aprendizado e aprimoramento contínuo.
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Referências
BARBOSA, Jane Dantas Kelly et al. O tempo é o mesmo para todos? Um estudo sobre percepções temporais com jovens trabalhadores de São Paulo (SP) e Curitiba (CR). E&G Economia e Gestão, Belo Horizonte, v. 20, n. 55, p. 5-23, jan./abr. 2020.
MAZZOTTO, Camila. Falta de tempo é principal razão para não treinar, diz estudo; drible isso! UOL, [S.l.], 18 mar. 2022. Viva Bem. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/03/18/pesquisa-aponta-que-falta-de-tempo-e-a-principal-razao-para-nao-treinar.htm. Acesso em: 13 mar. 2024.
HALL, Edward T. The Silent Language. New York: Doubleday, 1959.
Autor: Bruno Schwartzhaupt, Mestre em Linguística Aplicada. Revisor e criador de conteúdo na Gerência de Serviços Digitais do SESI-RS. Alguns trechos foram escritos com apoio do Google Gemini.