Design e programação de tecnologia

19/10/2022

A 8ª habilidade da nossa série As habilidades do futuro é: design e programação de tecnologia. Desenvolver essa habilidade é também transitar dentro de uma área em crescimento no mercado de trabalho. Assim, para que você possa aprender sobre design e programação de tecnologia, a gente separou uma entrevista exclusiva com quem entende do assunto: Fernando Silveira Ximenes, que é designer, mestre e doutorando em Design pela UFRGS. Confere e anota todas as dicas!

1) O que faz um designer em programação de tecnologia?

Há maneiras diferentes de responder a esta pergunta, a depender do ponto de vista em que se constrói a resposta. No meu caso, como designer de formação e pesquisador acadêmico na área, parto deste ponto: as habilidades cognitivas e fundamentais do design, como o pensamento holístico, a empatia, a imaginação, a criatividade, a visualização de soluções para problemas complexos, são a interface mais apropriada para conectar diferentes tecnologias de programação.

Essa capacidade de ser uma interface permite dar novos propósitos e finalidades para essas tecnologias. O designer é uma profissão muito transdisciplinar, o que possibilita a abertura de muitas áreas para o profissional se desenvolver. Um designer com domínio em programação de tecnologia tem um leque grande de opções do que fazer ou de setores para se desenvolver profissionalmente.

Como exemplos de áreas em evidência, e que absorve tudo o que estamos falando aqui, temos as áreas de UX (User Experience) Design e UI (User Interface) Design, pois são segmentos que se relacionam com design, tecnologia e programação. Dessa forma, um profissional que domina ou tem um relevante conhecimento dessas áreas terá acesso às melhores oportunidade de emprego e salário.

2) Por que, na sua opinião, entender de design e programação de tecnologias é considerada uma habilidade indispensável no mercado mundial atual e futuro?

Em 2020, o Fórum Econômico Mundial publicou um relatório (The Future of Jobs Report 2020) sobre o futuro do trabalho, no qual constavam as perspectivas esperadas sobre o futuro dos empregos, as competências e as tecnologias para os próximos anos. Nesse relatório, foram apresentadas as habilidades essenciais do profissional do futuro, sendo, a maioria, ligada intrinsecamente às áreas de design, tecnologia e programação.

As habilidades cognitivas e fundamentais do design serão a interface com outras áreas do conhecimento, muitas delas distintas, para convergirem em um ou mais caminhos em comum. As tecnologias ganharão cada vez mais relevância e importância e serão partes indissociáveis das rotinas profissionais. Aprender a utilizá-las será imprescindível para permanecer atuando no mercado de trabalho.

Habilidades comportamentais e inteligência emocional serão ainda mais valorizadas e demandadas, pois muitas atividades serão substituídas pela tecnologia, e as competências e habilidades comportamentais e de relacionamento se tornarão um ativo valioso e desejado pelas empresas como um fator de equilíbrio contra a dessensibilização e desumanização ocasionadas pela adoção dessas tecnologias.

Em suma, partindo das premissas apontadas pelo relatório do Fórum Econômico Mundial, a combinação das habilidades cognitivas do design com as habilidades orientadas para as tecnologias exponenciais proporcionará, ao profissional, habilidades indispensáveis no mercado mundial atual e futuro.

3) Em quais segmentos o profissional de design pode atuar?

São muitas as possibilidades de atuação desse profissional, visto que o design é uma área muito transdisciplinar, ou seja, tem a capacidade de dialogar e criar conexões entre diferentes campos dos saberes.

As áreas UX (User Experience) Design e UI (User Interface) Design representam bem essa convergência de saberes distintos e se beneficiam dos conhecimentos do design, tecnologia e programação. Porém, muitas saídas profissionais são possíveis. Cito as seis áreas mais conhecidas, nas quais está a maioria das oportunidades profissionais: (1) UX Researcher; (2) Arquiteto de Informação; (3) Desenvolvedor UI/UX; (4) Analista de Usabilidade; (5) UX Writer e (6) Designer de Produto. Podemos citar também algumas áreas em crescimento como ciência de dados e a inteligência artificial.

Cabe destacar que a atividade do designer nessas áreas não está restrita à parte técnica ou visual dos produtos e serviços. Como dito anteriormente, o pensamento holístico, a empatia, a imaginação, a criatividade, a visualização de soluções para problemas complexos são habilidades fundamentais do design, o que permitem ao profissional atuar transversalmente em todas as etapas do processo de novos produtos e/ou serviços, desde as etapas estratégicas, de planejamento, de criação, de desenvolvimento e de pós-venda.

4) Na sua opinião, como tem se movimentado o mercado profissional e acadêmico de design e programação de tecnologias no Brasil?

São dois mundos paralelos que, apesar de conversarem bastante entre si, direcionam para caminhos bem distintos.

Pelo lado profissional, o mercado mostra-se muito promissor, uma vez que a tecnologia evoluiu e a área de programação de tecnologia se expandiu, tornando-se essencial e muito valorizada. Muitas empresas e startups estão surgindo a partir dessa nova realidade, favorecendo profissionais criativos, com conhecimento e experiência em programação e desenvolvimento de softwares e aplicações em TI. Assim, profissionais bem formados, com experiência, certificações ágeis e alguma especialização ou MBA nessas áreas têm vantagem nesse mercado promissor, garantindo também acesso às melhores oportunidades e salários.

Já pelo lado acadêmico, percebo que houve um crescimento na oferta de cursos superiores de Design e Programação de Tecnologias em todo Brasil, principalmente aqueles relacionados com programação e TI. Além do crescimento, houve também um amadurecimento, constatado por meio de avanço nas áreas de pesquisa e desenvolvimento (mestrado e doutorado). Isso tem proporcionado condições para a formação de profissionais mais conectados às demandas e necessidades do mercado profissional. Por outro lado, a pesquisa acadêmica (mestrado e doutorado) nas áreas de design e tecnologia continuam estagnadas. As saídas profissionais para pesquisadores acadêmicos em design e área de programação e tecnologia é restrita ao ambiente acadêmico, ou seja, à docência ou à pesquisa dentro de alguma instituição de ensino superior.

No Brasil, não há um mercado que absorva esse tipo de profissional, ou seja, o pesquisador, o que limita sua atuação a Universidades e empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento (o que é raro no país). Um caminho alternativo para mestres e doutores nessas áreas é o empreendedorismo: a criação de seu próprio negócio e/ou startup para desenvolver soluções, produtos e serviços a partir das pesquisas acadêmicas desenvolvidas dentro da Universidade.  Como exemplos desse segmento temos as incubadoras de empresas, que podem estar vinculadas às instituições de ensino públicas ou privadas, prefeituras e até mesmo as iniciativas empresariais independentes.

5) Quais caminhos você sugere buscar para se aperfeiçoar e/ou desenvolver essa habilidade?

Existem dois caminhos para quem busca se aperfeiçoar ou se desenvolver melhor na área do design em programação de tecnologia. O primeiro é buscar sempre conteúdos novos ou que ofereçam meios para um desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional ou pessoal na área em que se está inserido. O segundo caminho é praticar, sempre, a retenção do conhecimento adquirido, o que está intimamente ligado à prática daquilo que foi aprendido.

Muitos conteúdos de qualidade e gratuitos estão disponíveis para todos os níveis de aprendizado, seja para iniciante ou avançado. Hoje, a principal plataforma para buscar conhecimento é o YouTube, porém o Instagram e o TikTok também oferecem conteúdos relevantes, embora o YouTube tenha mais benefícios e vantagens em termos de qualidade, densidade e disponibilidade. Porém, é importante ressaltar que, ao mesmo tempo em que há conteúdos de qualidade nessas plataformas, há também conteúdos de baixa qualidade ou mal-intencionados, ou seja, desenvolvidos como isca para venda de produtos ou cursos relacionados, os quais, muitas vezes, são de baixa qualidade, mesmo sendo pagos.

Outra estratégia é buscar conhecimentos oferecidos por empresas certificadas ou conhecidas. Normalmente são cursos ou treinamentos pagos na área ou para desenvolver softwares ou aplicativos específicos, muitas vezes criados por essas mesmas empresas, para desenvolvimento de aplicações ou soluções bem específicas e especializadas na área do design e programação de tecnologia. Um exemplo disso é um curso ou treinamento de formação avançada na ferramenta Figma, que serve para desenvolver soluções inteligentes em UX e UI para interfaces e aplicativos, integração de banco de dados e DBI (inteligência de dados).

O que tem ganhado destaque na área são as certificações em metodologias ágeis (Scrum e Agile, por exemplo). Elas vêm conquistando cada vez mais espaço, independentemente do segmento de atuação ou formação do designer. Profissionais ágeis certificados estão em alta demanda no mercado de design e programação de tecnologia, e isso reflete em melhores oportunidades de trabalho e salário.

Enfim, os conteúdos estão disponíveis e acessíveis ao alcance de todos, mas é bom lembrar que isso não é uma receita de bolo que funciona para todo mundo. Cada um tem seu próprio processo de aprendizagem e desenvolvimento, o que significa que devemos respeitar o nosso processo, não forçar a barra e não tentar encurtar etapas. Pratique sempre o que aprendeu, esse é o melhor caminho.

 

Acesse aqui o currículo lattes do Fernando Silveira Ximenes.

http://lattes.cnpq.br/8329037464415062

 

Como vimos, aprender sobre design envolve habilidades cognitivas como a criatividade, a percepção e ideação de soluções para problemas complexos. Dessa forma, o profissional que se dedica a esse meio atua transversalmente em todas as etapas do processo de novos produtos e/ou serviços, e não somente na criação. As áreas de atuação constituem-se como um outro ponto promissor para quem dispõe dessa habilidade, pois oferecem opções diversas de trabalho em diferentes segmentos.

 

Se você deseja aprender mais sobre esse campo de atuação, confere os cursos do SESI/RS relacionados a essa área:

SESI | Curso Redes sociais para a indústria

SESI | Curso Introdução à edição de imagens

 

LEIA MAIS:

Raciocínio, resolução de problemas e ideação – Blog da Educação do SESI (sesirs.org.br)

Resiliência, tolerância ao stress e flexibilidade – Blog da Educação do SESI (sesirs.org.br)

Cursos do SESI/RS lança a série: As habilidades do futuro – Blog da Educação do SESI (sesirs.org.br)

 

Entrevista elaborada por Marceli Tessmer Blank, Doutora em Educação. Atualmente integra a equipe da gerência de Serviços Digitais do SESI/RS.

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