Em tempos de pandemia, é fundamental falar sobre o acolhimento de alunos e professores no novo modelo escolar. A volta às aulas, normalmente associada ao retorno de atividades presenciais, recebeu um novo formato, mas ainda assim deve contemplar um conjunto de ações que ofereçam suporte social e emocional para a comunidade escolar.
Na visão da psicopedagoga Fernanda Busnello, que atua na Gerência de Educação do SESI/RS, não se pode romantizar a experiência da pandemia e do distanciamento. É importante assumir que ensinar e aprender a distância demandam muito esforço por parte de alunos e professores. Assim, ao pensar nas estratégias de acolhimento no retorno às aulas, deve-se considerar que todos os momentos pedagógicos e educacionais sofrerão influência dos efeitos da pandemia.
Nesse contexto, é importante compreender que o retorno envolve sentimentos ambivalentes que precisam ser acolhidos. Tanto o desejo de voltar à escola para retomar a convivência presencial, quanto o desejo de permanecer em casa para minimizar possibilidades de contágio estão presentes, como explica Luiza Zorzo, psicóloga do SESI/RS.
Logo, trata-se de um retorno com particularidades, diferente de todos os outros. A educação e os aspectos sociais andam lado a lado. Por isso, é preciso considerar os efeitos da pandemia sobre a comunidade, acolhendo sentimentos, experiências e dúvidas da comunidade escolar gerados por questionamentos como:
– Como será a volta com protocolos?
– Como sustentar as relações com colegas e professores, seguindo os protocolos sanitários?
No contexto do retorno, é fundamental imaginar como seria enfrentar uma crise sanitária de grande magnitude sem o suporte da escola e sem o conhecimento dos professores. Assim, os princípios do trabalho coletivo, da pesquisa e das descobertas pela investigação, mediada pelos professores, são ainda mais essenciais em tempos tão difíceis. A função da escola não muda, mas é ratificada no atual contexto.
Para pensar o acolhimento dos alunos e da comunidade escolar nesse cenário de volta às aulas, cada escola pode olhar para os espaços e momentos já existentes e pensar em formas e estratégias para ressignificá-los. Um bom exemplo são as reuniões de pais. Como é possível aproveitar esse espaço que já existe, para fortalecer o vínculo e o acolhimento por meio da escuta das famílias e qualificar o acompanhamento da aprendizagem dos alunos?
Outra necessidade é a criação de espaços de escuta e diálogo com os estudantes, visando descobrir o que pensam e como se sentem diante dessa nova realidade. Em 2020, quando as escolas tiveram autorização para retornar presencialmente, as Escolas SESI realizaram a escuta dos alunos autorizados a voltar, por meio de Rodas de Conversa. Foi um momento importante de encontro com os estudantes para escutar suas diversas experiências, aprendizagens e sentimentos relacionados ao contexto da pandemia. Muitos disseram que ainda não haviam refletido sobre estes aspectos.
Levando em consideração os efeitos da pandemia e as dificuldades que ela desencadeia − problemas financeiros e emocionais, medo de contaminação, alteração da rotina, sobrecarga de trabalho para os pais −, deve-se refletir sobre quais são os espaços para compartilhar, escutar e dialogar. A escola pode ser um deles, acolhendo experiências e criando sentidos, significações e aprendizagens.
Se você quiser saber mais sobre esse tema, assista a nossa live sobre o acolhimento de alunos e professores no período de volta às aulas aqui.