O Figital e a Educação

27/09/2022

Ultimamente tem-se escutado a expressão Figital, mas o que significa Figital? Pensando morfologicamente, Figital é a combinação das palavras Físico e Digital, ou seja, nada mais é que a associação do físico com o digital. É a relação que se estabelece entre a experiência presencial com a virtual de modo que ocorra uma integração entre o físico e o digital.

Mas você agora deve estar pensando, qual a relação do Figital com a educação?

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018) que é considerado um documento norteador da educação brasileira, traz dez competências gerais da educação básica, sendo a quinta delas, a competência que compreende a questão das tecnologias digitais no sentido de sua utilização no ensino auxiliar a comunicação, o acesso à informação, a produção de conhecimentos, a resolução de problemas e a autonomia dos educandos, ou seja, há previsão expressa em Política Pública Nacional, sobre a utilização de tecnologias digitais, em ações educativas.

Com isso, respondendo à pergunta anterior, a relação entre Figital e educação ocorre no movimento de relacionar a nova realidade posta, que mistura, integra o físico e o digital. Porém, para a apropriação dessa nova experiência há de se aprender e reaprender algumas competências e habilidades, que perpassam pela educação, que deve dar conta dessa nova realidade, necessitando, então, de uma transformação no ensino atual.

A importância de reformas educacionais.

O relatório da Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2021) destaca a importância das reformas educacionais no intuito de aproximar os estudantes às necessidades do mundo do trabalho, auxiliando o desenvolvimento de competências e habilidades para além da escola, considerando que o mundo está cada vez mais digital e as lacunas existentes entre as escolas que utilizam e não utilizam as tecnologias em suas ações pedagógicas aumentou significativamente. No mesmo sentido, Lévy (1999) já abordava sobre uma revolução digital que traria uma fusão entre as telecomunicações, com os sistemas de informática, imprensa, jogos, comércio destacando os aspectos civilizatórios que envolveriam essa revolução. E, para além disso, uma reflexão não só por meio do impacto que a revolução digital teria em relação a aspectos de regulamentos, segurança, atores econômicos, comunicação, etc., como também, no futuro da civilização e o efeito disso nas modificações do meio, das relações, da aprendizagem, ou seja, na vida física, das pessoas.

A pandemia acelerou o processo.

Logo percebe-se já na década de 90, a implicação do digital no mundo físico e as mudanças que poderiam ocorrer. Porém, o termo Figital começa a ser mais disseminado com o advento da pandemia de COVID-19, que acelerou muitos processos antes realizados totalmente de forma física para o formato digital, tensionando a necessidade de novas habilidades e competências no que tange a nossa relação nestes espaços.

Dessa forma, não há como falar de educação sem trazer as tendências e atualidades, pois é preciso no decorrer do desenvolvimento estudantil trazer à baila as necessidades da sociedade, de forma que possamos ir ao decorrer do percurso escolar, capacitando nossos estudantes a transitarem e se posicionarem no mundo. Porém, Veen e Vrakking (2009), enfatizam que em termos de educação há uma luta para que a tecnologia seja encaixada nos modelos existentes de educação, visando suprir a necessidade da sociedade, e é claro, que sem resultados, pois esse movimento está acontecendo no sentido de inserção das tecnologias na educação, considerando os modelos educacionais já postos, sem mudança curricular, apenas adicionando a tecnologia.

Logo, nesse sentido, não há como dar certo, pois não temos como encaixar a tecnologia sem realizarmos uma mudança no modo de atuar. Não há como inserir o digital num físico que enfatize a transmissão e não contemple o pensar, o refletir, o decodificar, o compartilhar, o dialogar, o construir, o utilizar.  Rocha, Ota e Hoffmann (2021) corroboram quando abordam que essa mudança no currículo escolas deve ocorrer de forma inovativa em relação ao conhecimento, pois o atual contexto possui a necessidade de currículos amplos que relacionem teoria e prática, num movimento de aprendizagem crítica, ativa e reflexiva.

As possibilidades do Figital.

Figital compreende a fusão entre o físico e o digital, exemplificando em termos educacionais, é uma ação educativa em que utiliza simultaneamente recursos digitais e físicos. Com isso, fica evidente que para além do currículo, o digital vem imbricado de novas possibilidades, de uma variedade de formas, espaços, tempos diferenciados que devem ser explorados, assim, faz-se necessário uma mudança na infraestrutura, nos recursos, nos espaços, na formação dos educadores.

Físico e digital hoje se complementam, porém, cabe ressaltar que Figital não é um sinônimo de híbrido. Logo, o Figital na educação exige inovação, uma readequação dos currículos, e, além disso, formações de professores para que estes consigam mediar em suas práticas docentes o desenvolvimento de competências técnicas e emocionais, pois os estudantes precisam ter a habilidade de relacionar-se tanto no digital quanto no físico.

Para que as novas gerações estejam aptas a transitarem em espaços cada vez mais globais, digitais e tecnológicos é preciso termos ambientes educacionais transformados e transformadores, em prol do desenvolvimento integral dos estudantes, de forma que possam relacionar-se com fluidez num mundo cada vez mais Figital.

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Autora: Fernanda Costa Arusievicz, mestranda em Informática na Educação pelo IFRS e Especialista em Alfabetização, com aperfeiçoamento em Tecnologias Digitais na Educação e em Letramento Digital e Tecnologia Educacional. Faz parte da equipe do programa Gestão e Formação Educacional do SESI RS.

 

Referências:

BRASIL. Ministério da Educação – MEC. Base nacional comum curricular (BNCC). Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf  . Acesso em: 12/09/2021.

Lévy, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Edições Loyola, 1999.

ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO – OCDE – OCDE. A Educação no Brasil: Uma Perspectiva Internacional. Tradução: Todos pela Educação; Disponível em: https://todospelaeducacao.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2021/06/A-Educacao-no-Brasil_uma-perspectiva-internacional.pdf Acesso em 15/09/2022.

ROCHA, Daiana Garibaldi da; OTA, Marcos Andrei; HOFFMANN, Gustavo. Aprendizagem digital: curadoria, metodologias e ferramentas para o novo contexto educacional. Porto Alegre: Penso, 2021.

VEEN, Wim; VRAKKING, Bem. Homo Zappiens: educando na era digital. Porto Alegre: Artmed, 2009.

 

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