“_Tudo bem?”
“_Tudo certo.”
Quantas conversas começamos e encerramos desta forma em nosso dia a dia? Quantas vezes olhamos para o outro nessa interação cotidiana?
Setembro chegou e com ele nossas preocupações, enquanto gestores e educadores, com as crianças e adolescentes. No ambiente educacional, quando percebemos comportamentos de risco e situações de automutilação com crianças e adolescentes é frequente a sensação de mal-estar, e muitos questionamentos começam a surgir: O que fazer quando percebemos? Se escutamos frases que denotam uma desvalorização, desmotivação, tristeza? Se percebemos que está tendo resultados diferentes do que de costume; está atrasando; mais irritado? Vale lembrar que os educadores às vezes podem voltar esse olhar preocupado somente para seus alunos, e deixarem de olhar para si próprios – respondendo de forma automática para seus colegas e familiares: “tudo certo”.
Quando abordamos a temática do Setembro Amarelo na educação, algo primordial a ser destacado é a importância de que trabalhamos em rede e em coletivo. E as perguntas com as quais nos deparamos frente a situações de risco e alerta não devem ser respondidas solitariamente.
Essa é a ideia que o Sesi/RS quer passar com a campanha “Seja luz. Guie caminhos”, alusiva à prevenção ao suicídio neste mês. Ela, que traz um farol como símbolo da proposta, fortalece a mensagem de que os nossos alunos não estão sozinhos em seus caminhos, de que os professores não estão sozinhos no amparo aos seus alunos e também aos seus pares, e as escolas também não estão sozinhas nas redes de atendimento das cidades em que se encontram.
Infelizmente, por mais angustiante que possa ser falar sobre esse assunto, ele é necessário, pois a porcentagem de crianças e adolescentes que morrem por suicídio ou por comportamentos de automutilação no Brasil e no mundo é preocupante. De acordo com a OMS, o suicídio é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos nas Américas, cerca de 12 mil mortes por ano.
E as escolas e instituições de educação podem e devem ajudar a prevenir essas situações e promover um ambiente de saúde e bem-estar na escola.
E se podemos destacar uma atitude que pode intervir e contribuir para a saúde mental no ambiente escolar é a construção de um espaço em que as pessoas possam falar sobre sentimentos, sobre saúde mental, sobre momentos difíceis, sobre morte. Esses temas muitas vezes são tomados como tabus e são evitados – o que não contribui para o suporte e ajuda que pode ser necessário para alguém que esteja passando por um momento mais difícil em sua vida.
Entendemos que é essencial a construção de que todos no ambiente escolar podem oferecer uma escuta para um colega, aluno, funcionário, etc. Os educadores também precisam ter esse olhar de cuidado em relação a si próprios. E poder buscar ajuda quando necessário. Todos podem ser “faróis” nas escolas e podem buscar outros faróis quando necessário.
Vale ressaltar essa ideia – que possamos estar atentos as nossas e às respostas dos outros para a pergunta “tudo bem?”. Que possamos promover espaços em que as respostas possam ser escutadas e acolhidas, que possamos fazer os faróis brilharem na educação.
A primeira ideia que queremos transmitir, quando falamos da temática do suicídio e de comportamentos de automutilação, é que, se você que está nos lendo, não está se sentindo bem ou identificar algum desses pensamentos em você mesmo, você não está sozinho. Procure alguém para conversar, um profissional ou entre em contato com o CVV (Centro de Valorização da Vida – 188 – ligação gratuita, 24h por dia, todos os dias da semana).