Educação socioemocional: algumas possibilidades

12/04/2022

Muito tem sido falado, escrito e divulgado a respeito das competências e habilidades socioemocionais, especialmente no âmbito escolar. Mas a que se referem tais competências? Como desenvolver essas habilidades nos diferentes contextos e com públicos diversos?

A escola, há décadas, tem contribuído para que as crianças e os jovens conheçam, compreendam e utilizem os conhecimentos historicamente construídos, tendo em vista uma aprendizagem para além dos limites da escola. Aprender os conteúdos cognitivos vincula-se à necessidade de estar em um coletivo – trabalhos em grupo, debates, combinação de regras, resolução de conflitos. A própria dinâmica escolar, em todas as etapas da educação básica, demanda dos alunos que exercitem habilidades importantes para essa convivência com colegas que possuem diferentes experiências, valores, tempos e jeitos de aprender: respeito, pensamento crítico, empatia, flexibilidade, justamente o que se entende como habilidades socioemocionais.

Nessa perspectiva, podemos conceber que trabalhar competências socioemocionais na escola não é exatamente uma novidade trazida pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC); a diferença e contribuição é a tradução dessas competências em atividades, estratégias, planos pedagógicos elaborados para essa finalidade. O conjunto de aspectos que compõem os conteúdos não cognitivos é fundamental para a boa convivência em todas as dimensões da sociedade e também como sustentação e impulsão à própria aprendizagem formal, que é fortalecida nas situações de discussão de diferentes pontos de vista, de exposição e argumentação de ideias, planejamento e criação de textos, relatórios, maquetes, protótipos e todo tipo de produção frequentemente realizada na escola – da Educação Infantil ao Ensino Médio.

Competências socioemocionais precisam ser reconhecidas como uma questão própria do coletivo – na vida em família, na escola, no trabalho, no lazer, justamente em perspectiva contrária às abordagens individuais, que não consideram o contexto social e a necessidade de transformar para melhor a sociedade e não apenas a vida individual.  Além disso, é importante reconhecer e acolher a experiência de todos os alunos, valorizando as diferenças e a diversidade. Trabalhar na escola nessa perspectiva requer investimento, ou seja, tempo para se encontrar, dialogar e escutar. Assim, o desenvolvimento das competências socioemocionais envolve prática cotidiana, experiências sistemáticas de relações que acontecem a partir do diálogo, de discussões reflexivas, argumentativas, baseadas no respeito, no acolhimento às diferentes experiências e opiniões, tendo a ética e os direitos humanos como pilares de qualquer debate.

No lugar de manuais e treinamentos, é possível e muito mais interessante para a comunidade escolar contemplar espaços para conversar, trocar ideias, elaborar saídas coletivamente: rodas de conversa com os alunos, estabelecimento de estratégias de prevenção e resolução de conflitos pela via do diálogo (e não da punição simplista, que exclui ao invés de incluir), espaços de trocas entre professores e equipe diretiva, com possibilidade de falar sobre o que não é estritamente cognitivo, mas que atravessa os processos de ensino e aprendizagem; relação próxima, sistemática e de confiança com as famílias, em que as emoções dos alunos tenham também esse lugar/esfera de atenção e cuidado.

A escola que sustenta esse paradigma oportuniza e desenvolve entre seus alunos relações mais saudáveis, de forma que os desafios e conflitos cotidianos priorizam estratégias de resolução pautadas na abertura ao diálogo e na posição de escuta ao outro, com menos julgamentos e conceitos pré-estabelecidos. Essa abordagem caminha na direção de uma cultura da não violência, na medida em que concede à palavra as saídas coletivas e o enfrentamento dos desafios. Assim, trabalhar com as possibilidades para uma educação socioemocional na escola é criar espaços de trocas, espaços para o encontro, para o trabalho coletivo, bem como acolher e valorizar o que cada escola já sustenta em seu dia.

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Autores: Drean Falcão da Costa, especialista em Psicologia em Saúde, Fernanda de Bastani Busnello, Mestre em Psicologia Social e especialista em Orientação, Supervisão e Gestão Escolar Luiza Seffrin Zorzo, especialista em Atendimento Clínico com ênfase na Psicanálise e Percurso em Psicanálise. Atualmente, fazem parte da equipe do programa Gestão e Formação Educacional do SESI RS.

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