Os índices relativos a leitura, escrita e a competência matemática, dentre outros, estão, infelizmente, bastante distantes de um nível adequado. Não bastasse isso, os últimos dois anos, devido à pandemia da Covid-19, trouxeram mais uma série de desafios para as atividades rotineiras da escola. Como garantir os direitos de aprendizagem e desenvolvimento a todas as crianças e jovens da Educação Básica?
Conforme informações divulgadas na imprensa no início desse ano, a partir da avaliação que uma instituição particular realizou com 2.763 alunos em todo o Brasil, foram apresentados índices de defasagens em todos os níveis de ensino. Conforme a empresa informou, 2.265 eram crianças entre cinco e 13 anos, 237 eram jovens entre 14 e 25 anos, e 261, adultos com idade superior a 25 anos. As crianças apresentaram cerca de 2,2 anos de defasagem escolar em matemática, 1,9 anos em leitura e 1,7 anos em redação. Já os jovens apresentaram uma defasagem escolar média de 4,5 anos em matemática, 3,3 anos em leitura e 4,2 anos em redação.
Acreditamos que a aprendizagem ocorre por meio da interlocução entre os pares, em um processo complexo e singular tendo em vista o desenvolvimento de habilidades e competências para um mundo real e em constantes transformações. Concebemos, também, Princípios – Diálogo, Contextualização, Tecnologia, Responsabilidade Social, entre outros princípios metodológicos e curriculares das Escolas SESI-RS – como essenciais a qualquer prática pedagógica. Por esse motivo, as ações em cada instituição, seja uma rede municipal ou estadual de educação, seja uma escola pública ou particular, precisam valer-se dessa coerência metodológica.
Estudos revelam que a maior queixa dos professores brasileiros é de nem sempre serem escutados. Assim, entendendo que a complexidade das reflexões sobre educação são decorrentes de experiências exitosas nas práticas dos alunos, o histórico de sucesso das escolas SESI-RS, seja com seus alunos de Ensino Médio, seja por meio de projetos com alunos de Contraturno e Educação Infantil, seja com a oportunidade da inserção responsável e cidadã de seus alunos da EJA, acaba sendo o pano de fundo para a construção de situações problema com os professores em momentos de Gestão e Formação Educacional de Gestores e Professores, tanto da rede interna (SESI) quanto externa (municípios que contratam o SESI para refletir sobre a sua realidade educacional e aprimorar o seu fazer pedagógico). Tal como nas situações com os alunos em sala de aula, mais do que informação, o destaque sempre está nas experiências construídas ao longo do processo. É necessário, portanto, um olhar atento e crítico para que as aprendizagens ocorram, tendo a certeza de que todos, sempre, têm condições de aprender, e de essas aprendizagens sejam acompanhadas e evidenciadas de forma transparente, sem esquecer a empatia, o trabalho colaborativo e a proposição de propostas específicas para cada realidade educacional. Em formação de professores e gestores escolares, os sujeitos aprendentes são profissionais com uma trajetória profissional. Essa trajetória deve ser destacada e valorizada.
O espectro de atuação de formação de gestores e professores vai bem além de palestras sobre determinado assunto. As experiências com os profissionais em formação decorrem de desafios (situações-problema) em planejamentos de sequências didáticas e projetos interdisciplinares em que atividades mão na massa e com robótica, à medida do possível, estejam presentes.
A real compreensão de que significa aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser pressupõe desenvolvimento de habilidades e competências, para muito além de experiências cognitivas. É de conhecimento comum que o efeito positivo da escola se estende a toda uma comunidade. As ações relativas à formação de professores e gestores, dada a realidade atual, exigem um olhar diagnóstico contínuo, o qual passa a fazer parte do cotidiano das ações nas escolas. É assim que se acredita em uma ação permanente de formação de professores: analisar a realidade, propor ações desafiadoras, replanejar, acompanhar boas práticas, analisar novamente a realidade.
Nos últimos anos, as ações do SESI-RS em relação à Formação de Gestores e Professores estão pautadas em cursos presenciais ou à distância abordando temáticas relativas à Garantia de Direitos de Aprendizagens e Desenvolvimento a todos os alunos em todas as etapas da Educação Básica, à compreensão profunda da potência dos Campos de Experiência não só para a Educação Infantil, à reflexão da necessidade cada vez maior de o Ensino Fundamental e o Ensino Médio se organizarem por meio das competências das Áreas do Conhecimento, à necessidade do planejamento como intencionalidade pedagógica, tendo as tecnologias como condição para essa intencionalidade.
Quer saber mais sobre este e outros assuntos com o objetivo de fortalecer a educação integral, auxiliando no desenvolvimento de todos os níveis da atuação escolar? Conheça o programa Gestão e Formação Educacional do SESI-RS para professores e gestores escolares. Acesse aqui.
Algumas sugestões de leitura para a formação de professores e gestores:
MITCHEL, Resnick. Jardim de Infância para a vida toda: por uma aprendizagem criativa, mão na massa e relevante para todos. Porto Alegre: Penso, 2020.
Coleção Entre Nós – Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Anos Finais. Erechim: Edelbra, 2012. (Duas professoras da Equipe Gestão e Formação Educacional do SESI-RS são co-autoras de alguns exemplares dessa coleção – Joice Welter Ramos (Língua Portuguesa, Anos Finais) e Mônica Bertoni dos Santos (Matemática, Anos Iniciais e Anos Finais).
Autor: Joice Welter Ramos, Mestre em Educação e Coordenadora da Área de Linguagens do programa Gestão e Formação Educacional do SESI RS.
Referências: https://exame.com/bussola/apos-pandemia-brasileiros-apresentam-ate-4-ano…