Tomando como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, (DCNEI, 2009), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 21017) propõe-se para essa etapa da escolaridade, a Primeira Etapa da Educação Básica, uma organização curricular por Campos de Experiência, em que as práticas pedagógicas acontecem com intencionalidade, levando em conta que bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas aprendem e se desenvolvem a partir de ricas e diversificadas experiências.
O currículo da Educação Infantil, organizado por Campos de Experiência, propõe a intencionalidade do planejamento do trabalho pedagógico, considerando práticas abertas às iniciativas, desejos e formas próprias de agir e pensar e as múltiplas linguagens das crianças que, mediadas pelo professor, constituem o contexto que propicia aprendizagens significativas, o desenvolvimento de habilidades, a construção de afetos, noções, atitudes e valores, a construção da sua identidade.
Na Educação Infantil, considera-se que o Educar e o Cuidar são ações inerentes e indissociáveis. As aprendizagens e o desenvolvimento das crianças têm as Interações e a Brincadeira como eixos estruturantes das práticas pedagógicas. A organização curricular da Educação Infantil na BNCC está estruturada em Campos de Experiências, no âmbito dos quais são definidos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, assegurando-lhes os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se.
O eu, o outro e o nós
Na interação com os seus pares e com os adultos, a criança vive experiências de atenção pessoal e outras práticas sociais, aprende a se perceber como “eu”, alguém que tem desejos, concepções e interesses próprios, que considera um “outro” também com desejos e interesses próprios e tomam consciência do “nós”, ampliando o seu olhar para um ambiente social que inclui culturas e lugares em que há pessoas que têm costumes semelhantes ou diferentes dos seus.
Corpo, gesto e movimentos
Com o corpo, por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos, as crianças exploram o mundo, o espaço e os objetos, estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o mundo, sobre o universo social e cultural. Movimentando-se, descobrem variados modos de ocupação e uso do espaço.
Traços, sons, cores e formas
Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas locais e universais no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivência de formas diversas de expressão, de diferentes linguagens e de suas próprias produções artísticas, desenvolver o senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas , dos outros e da realidade.
Escuta, fala, pensamento e imaginação
Desde o nascimento, as crianças participam de situações comunicativas cotidianas com as pessoas com quem interagem. Progressivamente, ampliam e enriquecem o seu vocabulário e demais recursos de comunicação e expressão, apropriando-se da língua materna. Ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, a criança manifesta curiosidade em relação à cultura escrita e vai construindo sua concepção sobre a linguagem escrita, reconhecendo diferentes usos da escrita, dos gêneros, suportes e portadores textuais. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve acontecer partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam transparecer.
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais e demonstram curiosidade sobre esses mundos. Em suas experiências, deparam-se com noções da Matemática, das Ciências, da Tecnologia. Na Educação Infantil é fundamental, para as aprendizagens e o desenvolvimento de habilidades, que as crianças tenham oportunidades de ricas e diversificadas experiências que lhes possibilitem construir, ampliar e utilizar conhecimentos.
Segundo o professor Paulo Fochi
Uma pista importante para começar a construir um conhecimento situado sobre os Campos de Experiência é partir da premissa de que esse é um arranjo curricular que consiste em colocar no centro do projeto educativo o fazer e o agir das crianças. Por isso, os campos não devem ser distribuídos previamente na semana, dia ou ano. Eles são um campo semântico para o professor e as crianças se movimentarem em suas jornadas de aprendizagem.
Considerar que os Campos de Experiência constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural da humanidade é assegurar a garantia, de uma gestão pedagógica comprometida com os Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento das crianças.
Autora: Mônica Bertoni, mestra em Educação em Ciências e Matemática, Orientadora Pedagógica e Diretora de Escolas de Educação Básica. Atualmente, faz parte da equipe do programa Gestão e Formação Educacional do SESI RS.
Referências:
BRASL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em:<http://basenacionalcomum.mec.gov.br>. Acesso em: 25fev.2018.
FOCHI, Paulo, Vamos falar sobre a BNCC? O que são Campos de Experiência?