O anúncio e implementação gradual do Novo Ensino Médio foi, e ainda é, o centro de muitas discussões sobre seu sentido, significado e impacto na vida dos jovens. O modelo propõe a oferta de itinerários formativos, que poderão ser de aprofundamento das áreas de conhecimento ou de formação técnica e profissional.
No entanto, a primeira mudança deverá ser a ampliação da carga horária para pelo menos cinco horas diárias. O modo como este tempo será utilizado exige reflexão e intencionalidade, ou seja, não se trata apenas de cumprir um requisito legal. Cabe estabelecer o desenho de uma formação geral básica em articulação com um itinerário formativo que dialogue com as necessidades e competências do século XXI. Portanto, trata-se de procurar o que faz sentido para os indivíduos, ou seja, a relação do aluno com sua escola, com aquilo que se aprende e como se aprende – para construção do protagonismo.
Segundo o programa Escolas 2030 uma educação integral, na dimensão currículo, pressupõe abordagens integrais e, na de metodologia, assinalam o princípio de protagonismo dos estudantes. Pretende-se que eles produzam saber e o problematizem a partir da prática e da diversidade de suas características e modos de estar no mundo.
No Ensino Médio, as experiências dos jovens no espaço escolar devem permitir projetar-se no futuro, construindo projetos de vida e referenciais singulares e coletivos. Para isso é necessário compreender os alunos enquanto sujeitos que se constituem pelas marcas sociais, históricas e culturais do seu tempo. Nas Escolas SESI de Ensino Médio as dimensões relacionadas ao mundo do trabalho, sociabilidade, tempo/espaço e às culturas juvenis são consideradas nos seus modos de fazer e pensar, promovendo o protagonismo por meio de projetos. A carga horária se organiza em tempo integral e os espaços e os tempos da Escola reconhecem e dialogam com as culturas juvenis.
O Novo Ensino Médio também propõe o estabelecimento do Projeto de Vida, de caráter obrigatório. No âmbito das Escolas SESI há a presença de Professores Articuladores – pensados a partir da necessidade de acompanhar e auxiliar o aluno no seu percurso escolar durante os três anos do Ensino Médio, e que acompanham os alunos na construção de seus projetos pessoais, de estudo e de trabalho. Através do diálogo crítico-reflexivo de temas que estão na pauta da vida dos jovens, a relação do jovem com a escola é investida de novos sentidos. Isso ocorre através da circulação dos discursos, das falas, dos laços sociais, dos conhecimentos e da diversidade juvenil no tempo e espaço escolar.
Destaca-se a escola como o ambiente de socialização mais constante e frequente de jovens, sendo a convivência na escola maior, em número de horas, do que na família, em muitos casos. Dessa forma, a socialização e as relações estabelecidas ‘na’ e ‘com’ a escola são fundamentais ao se discutir questões ligadas à juventude. Sobre a constituição dos itinerários formativos, há que se problematizar o perfil do egresso desejado pela escola e como isso conversa com as demandas do século XXI. Não há como renunciar à tecnologia para resolução de problemas, assim, o itinerário (e a formação geral básica) deve contribuir para o desenvolvimento de competências digitais e tecnológicas.
O desejável é que os jovens consigam criar projetos sustentáveis, empreendedores, relacionados às competências STEAM , possibilitando uma atuação de forma produtiva e ética, construindo competências necessárias para a vida, para o ingresso e continuidade dos estudos e do mundo do trabalho, além do desenvolvimento da autonomia intelectual dos alunos. Assim, é possível fazer uma educação transformadora no contexto do Novo Ensino Médio, desde que se coloque em discussão currículo, metodologia, mundo do trabalho, tecnologia e juventudes. Por fim, há a necessidade de formação de professores e gestores para essa mudança, a fim que os jovens possam ampliar suas competências e se sentirem seguros diante de seu projeto de vida.
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Autora: Danielle Schio Romeiro Rockenbach, mestra em Educação, coordenadora da Gestão da aprendizagem na Gerência de Educação do SESI/RS e faz parte da equipe do programa Gestão e Formação Educacional do SESI RS.
3 comments on “Ensino Médio: é possível uma educação transformadora?”
Texto rico e mobilizador!!
Perfeito!
Excelente abordagem!
Perfeito!!