Crie GPTs e agentes: o próximo passo para quem usa IA

22/08/2025

Imagine que você precisa escrever um parecer, seguindo uma série de requisitos específicos estabelecidos pela sua empresa. Você decide usar o ChatGPT para agilizar a tarefa, mas, como a IA não conhece esses requisitos, ou você dedica tempo para inserir prompts que esclareçam todos os objetivos, fornecendo exemplos, ou a ferramenta não é útil. O resultado é que, apesar de usar IA, você ainda não economiza tempo.

Em outro cenário, você configurou uma versão do ChatGPT e a treinou com os requisitos da empresa. Você colocou na memória da IA vários documentos com exemplos do que você precisa. Nesse caso, você leva menos da metade do tempo para fazer o mesmo parecer.

No melhor cenário, você criou um agente do ChatGPT, que, sozinho, acessa sites, pastas e documentos de referência, pesquisa todas as informações e gera os pareceres automaticamente. Você passa a ter apenas o trabalho de ler e revisar o parecer, que recebeu em uma notificação.

É assim que cada vez mais tarefas estão sendo executadas, com a criação dos agentes de IA. Como resume o artigo de Ray (2024) para a Microsoft, os agentes são um avanço no poder da IA Generativa, pois podem trabalhar com você ou no seu lugar, em vez de apenas auxiliar. O que distingue um agente de um assistente pessoal é que o agente pode ser configurado para ter uma expertise específica, podendo simplesmente responder perguntas ou executar tarefas mais complexas, com várias subetapas (Ray, 2024).

Na prática, isso significa mais produtividade no nosso dia a dia: a criação de conteúdo bruto e a execução de tarefas repetitivas poderão cada vez mais ser executadas pela IA, ao passo em que estaremos liberados para a inovação e a integração crítica entre sistemas e processos.

Neste texto, vamos explicar como, com uma conta paga, você pode criar versões do ChatGPT e agentes de IA. Vamos também discutir ideias sobre como aplicar essa tecnologia e o impacto que ela pode ter na produtividade.

Versão do ChatGPT: a IA especialista no que você quiser

Ao acessar o ChatGPT, na barra lateral esquerda, além do seu histórico de chats, você também encontra o menu “GPTs”. Essa seção traz versões customizadas da IA, com uma base de conhecimento e instruções de comportamento personalizada. Qualquer pessoa com uma conta plus do ChatGPT pode criar suas versões da IA e disponibilizá-las na comunidade.

Os GPTs customizados são muito úteis para criar um assistente virtual especialista em um tema específico, com fontes de informações mais restritas e especializadas, ou simplesmente para configurar um formato padronizado de resposta diferente do original. Em outras palavras, ele funciona como um GPT “normal”, mas a sua base de conhecimento e instruções de resposta são personalizadas.

Entre os GPTs mais populares na comunidade no momento está um GPT treinado em artigos sobre musculação e dieta, que dá dicas sobre nutrição e treinos. Outros exemplos incluem GPTs especialistas em análise de dados, geração de imagens, astrologia e paletas de cores para montar looks.

Isso significa que, entre outras possibilidades, você pode criar GPTs customizados para o seu trabalho ou empresa: o GPT pode ser programado, por exemplo, para responder a perguntas sobre a empresa ou dar diretrizes de acordo com políticas que você definir. Dessa forma, a ferramenta pode ser compartilhada entre todos os colaboradores e dar apoio no atendimento ao cliente ou no treinamento de novos colaboradores, entre outras coisas que a IA é capaz de fazer.

Quer criar o seu próprio GPT? Siga este guia:
  1. Crie uma conta e assine o plano ChatGPT Plus (atualmente, com preço de 20 dólares por mês).
  2. Estabeleça objetivos claros para o seu GPT:
    • Quem irá utilizá-lo?
    • Que problemas ele irá resolver?
    • Quais arquivos ou documentos farão parte da sua base de conhecimento?
  1. Organize a base de conhecimento: prefira documentos .pdf, use nomes de arquivos curtos e claros, certifique-se de que as informações são legíveis e de que não há contradições ou ambiguidades entre as fontes.
  2. Após fazer login na plataforma, na barra lateral esquerda, clique em “GPTs” e, então, em “Criar”, no canto superior direito.
  3. No menu de configuração, faça o upload dos arquivos que irão compor a base de conhecimento do GPT.
  4. Retorne ao menu “Criar” e escreva um prompt detalhando o que você quer fazer:
    • Comece com “Este GPT terá o objetivo de…”;
    • Continue com “Ele será usado por…”
    • “O GPT deverá resolver estes problemas: …”
    • “Os arquivos que coloquei na sua base de conhecimento servem como referência, sendo eles: ‘Documento X’, que é tem informações sobre X; ‘Documento Y’…”
    • “Consideradas essas informações, atualize as configurações deste GPT para cumprir esses objetivos”.
  1. Publique o GPT e ajuste as configurações de compartilhamento.
  2. Faça testes e ajuste o GPT conforme necessário.

Com conhecimentos de programação, você também pode usar uma API (uma interface de programação de aplicações) para conectar a versão customizada do ChatGPT a um site ou app externo, tanto para buscar informações precisas em tempo real quanto para executar ações. No site da OpenAI, há orientações sobre como realizar essa programação passo a passo.

Assim, se o GPT for programado com conexão a uma página de previsão do tempo, por exemplo, ele pode sempre usar aquela fonte, e usá-la da forma que o usuário programar, para incluir informações sobre o clima nas suas respostas. Você também pode conectá-lo a um site para executar uma busca e encontrar os melhores voos para determinado destino, a partir de um prompt simples como “Qual é o melhor voo para São Paulo neste fim de semana?”.

Modo agente: a mais nova transformação da OpenAI

Em julho deste ano, a OpenAI lançou o modo agente para o ChatGPT, incluso no menu de ferramentas, onde digitamos nossos prompts. Atualmente, o modo agente também só está disponível nas versões pagas da plataforma.

Com o modo agente, pode-se pedir, por exemplo, que o ChatGPT acesse um site, crie uma conta, faça compras e crie uma apresentação de slides sobre os produtos. Tudo com comandos “simples”, também em linguagem natural. O modo agente funciona com um desktop virtual que pode executar essas tarefas dentro do ChatGPT, enquanto o usuário visualiza a tela.

O trabalho do agente é pausado em momentos que exigem intervenção, como quando é necessário digitar uma senha. Ademais, pode-se fazer uma programação e até agendar tarefas, trabalhando normalmente em outras questões enquanto o GPT executa o solicitado, como se fosse, de fato, um assistente à disposição.

Plataformas da Microsoft e Google para criação de agentes

A Microsoft conta com uma plataforma de criação de agentes de IA com possibilidades muito semelhantes às dos GPTs customizados. Em teste gratuito ou planos pagos, o Copilot Studio também permite a criação de agentes a partir de comandos em linguagem natural, com bases de conhecimento customizadas. A plataforma fornece alguns modelos que podem ser adaptados.

O Copilot Studio é uma ótima alternativa em função da sua integração natural com as soluções da Microsoft, como Outlook, Teams e Sharepoint. Nesse sentido, é possível usar arquivos online do Sharepoint como fonte das informações, por exemplo, ou criar fluxos de automação com IA que programam notificações no Teams a partir de determinadas ocorrências.

A Google tem uma plataforma semelhante, chamada Agentspace, para criação de agentes com o Gemini. No momento, a solução conta apenas com planos pagos, para empresas.

Impacto prático dos agentes: aumento da produtividade

As tendências do mundo do trabalho apontam para o uso da IA como meio de encurtar o tempo dedicado a tarefas repetitivas e impulsionar a criatividade e a produtividade. Se a IA Generativa já vem desempenhando um papel de protagonismo nesse contexto, os agentes de IA representam o próximo passo, pois possibilitam tanto a adaptação de modelos gerais para contextos específicos de dada função ou empresa, quanto a automatização do trabalho.

Com os agentes, vamos automatizar cada vez mais as tarefas de menor complexidade, como geração de relatórios e planilhas, filtro e resumo de e-mails, pautas de reuniões e planejamento diário. Nosso dia será, assim, mais dedicado à revisão do que a IA gerou, à integração desses resultados e à inovação. Assim, produzir mais e melhor é uma consequência da adoção desses recursos.

Além disso, como projeta Ray (2024), “os agentes se tornarão mais úteis e capazes de ter mais autonomia com inovações nos seus três elementos necessários: memória, permissões e ferramentas”. Isso quer dizer que a evolução dos agentes depende da disponibilidade de informações de contexto, como as que abordamos aqui, e de possibilidades de acesso e integração entre plataformas. Esses avanços já estão acontecendo naturalmente, e a automação de fluxos será cada vez maior.

Portanto, é importante que empresas e trabalhadores que querem se qualificar busquem entender como ferramentas de IA e agentes podem facilitar seus fluxos de trabalho. Vale ressaltar que não devemos promover um uso da IA pela IA, com adoção de tecnologia sem real solução de problemas. Para isso, é preciso, primeiro, além de conhecer as ferramentas disponíveis, entender as lacunas e gargalos da própria atividade.

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Autor: Bruno M. Schwartzhaupt, Doutorando em Psicolinguística. Analista de conteúdo educacional e IA na Gerência de Serviços Digitais do SESI-RS. 

Referências 

RAY, SUSANNA. AI agents — what they are, and how they’ll change the way we work. [s.l.]: Microsoft, 19 nov. 2024. Disponível em: https://news.microsoft.com/source/features/ai/ai-agents-what-they-are-and-how-theyll-change-the-way-we-work/. Acesso em: 11 jul. 2025.

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